ATA DA OCTOGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.08.1989.
Aos vinte e dois dias do mês de agosto do ano de mil
novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Oitava Sessão
Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr.
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Octogésima Sétima Sessão Ordinária e das Atas da
Décima Terceira e Décima Quarta Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas. À
MESA, foi encaminhado, pelo Ver. Giovani Gregol, 01 Pedido de Providências.
Ainda, foram apregoados, pela Mesa: o Projeto de Lei do Executivo nº 37/89
(proc. nº 2322/89); os Ofícios nºs 683 e 684/89, do Sr. Prefeito Municipal,
solicitando a retirada, respectivamente, do Projeto de Lei Complementar do Executivo
nº 004/89 (proc. nº 2294/89), e do Projeto de Lei do Executivo nº 035/89 (proc.
nº 2293/89), em tramitação na Casa. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs
384-SG/89, da Câmara Municipal de Caxias do Sul; 035/89, da Federação
Brasileira de Associações de Professores de Educação Física - FBAPEF; s/n, da
Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul. Em continuidade, foi
aprovado Requerimento do Ver. José Alvarenga, solicitando Licença para tratar
de Interesses Particulares, no período de vinte e dois a vinte e cinco do
corrente. A seguir, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente
Antonio Losada e, informando que S. Exª já prestara compromisso legal nesta
Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar
a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar
Machado comentou a retirada, pelo Prefeito Municipal, de projetos em tramitação
na Casa, que tratam dos vencimentos dos servidores municipais. Perquiriu dos
motivos que levaram S. Exª a tomar tal decisão. Falou, ainda, da possibilidade
de utilização do Tribunal de Contas do Estado, órgão alheio ao Executivo
Municipal, para verificação das condições financeiras da Prefeitura, tendo em
vista as alegações da atual administração quanto à inexistência de recursos
para a realização de seus projetos. O Ver. Cyro Martini lamentou as medidas que
vêm sendo sugeridas, para inclusão na Constituição Estadual, referentes a
alteração da estrutura da Polícia Civil, criticando o comportamento de
deputados no trato da questão, e discorrendo sobre as implicações que tal
alteração provocará naquela instituição. O Ver. Flávio Koutzii esclareceu
acerca de ameaças, sofridas e denunciadas pelo Dep. José Fortunatti, do Partido
dos Trabalhadores. Falou, ainda, da posição política de seu Partido, quanto à
alteração da estrutura da Polícia Civil, afirmando a necessidade de debate em
relação àquela instituição. Referiu-se às etapas de discussão acerca dos
vencimentos do funcionalismo municipal, dizendo que o Executivo, ao propor um
limite para os respectivos reajustes, estabeleceu o que entende como referência
fundamental para a Prefeitura. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Koutzii,
dando continuidade a seu pronunciamento, disse que o Executivo Municipal mantém
sua proposta em relação aos reajustes dos servidores e salientou o importante
papel deste Legislativo na solução da questão. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. João
Motta informou que o Partido dos Trabalhadores promoverá, no mês vindouro, um
encontro, a nível estadual, com vistas a discutir o tema Lei Orgânica e
Regimento Interno dos Municípios. Referiu-se a anteprojeto do Regimento Interno
da Casa, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, tecendo críticas ao mesmo, e dizendo
da necessidade de um projeto de Regimento que tenha como premissa maior a
possibilidade de discussões as mais amplas. Falou, ainda, a respeito da
composição da respectiva comissão de sistematização. Destacou que uma das
medidas do Plano Semestral do Executivo é a construção do chamado Parque da
Zona Norte, sugerindo a garantia de um espaço para que seja erguido, no local,
um memorial em homenagem a Chico Mendes. O Ver. Dilamar Machado, reportando-se
ao pronunciamento do Ver. Flávio Koutzii, acerca da retirada dos projetos
referentes aos vencimentos do funcionalismo municipal, disse que tal atitude
cria um processo de angústia nos servidores, e que espera a abertura de novas
negociações para a solução da questão. Teceu comentários acerca de críticas
formuladas pelo Ver. João Motta a anteprojeto do Regimento Interno, de autoria
do Ver. Isaac Ainhorn, discorrendo sobre o processo de elaboração do mesmo.
Durante os trabalhos, o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Airto
Ferronato, acerca da inclusão no nome de S. Exª em períodos de pronunciamentos
das Sessões Plenárias. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os
trabalhos às quinze horas e vinte minutos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Extraordinária, a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Lauro Hagemann e Adroaldo Correa, e
secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann , 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Valdir Fraga): Passa-se às
Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado pelo tempo de dez minutos.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
conforme apregoado, o Prefeito Olívio Dutra retirou, mais uma vez, o projeto
que visava a mensalidade do reajuste dos funcionários do Município sem
desativar a lei já aprovada pela Casa da bimestralidade, mas que introduzia
alguns condicionantes e, dentre eles, os 98% da folha com relação à arrecadação
e despesa, que foi a matéria polêmica da tarde passada, quando esta Casa
resolveu derrubar o Veto que o Prefeito havia aposto à Lei da Casa, que
determinava o pagamento, neste mês de agosto, do resíduo de 25% referente ainda
ao bimestre janeiro-fevereiro.
A questão que se ergue é a seguinte: por que a retirada do projeto?
Teria sido pela Emenda apresentada pelo Ver. Clóvis Brum? Terá o Prefeito
interesse em reestudar a matéria e conversar com a Câmara Municipal? O Prefeito
vai argüir na justiça a derrubada do Veto pela Casa na tarde passada? Ou,
simplesmente, os funcionários do Município receberão, no final do mês, com os
25% de aumento? É esse o caminho, Ver. Brum? Talvez seja esse o caminho. Agora,
no momento em que o Prefeito Olívio Dutra encaminha à Casa um projeto, que nos
parece lógico, de conceder o reajuste mensal, no momento em que o País vive uma
inflação que ninguém segura – pelo menos nos próximos meses isso é inevitável,
até pelo descrédito do Governo Federal – parece que é hora de sentarmos e
conversarmos a respeito da matéria.
É indiscutível que ninguém nesta Casa, Ver. Flávio Koutzii, desejaria
ver a Administração atual sem condições de operacionalizar o seu governo por
falta de recurso financeiro. Ninguém é tão mesquinho a ponto de desejar que o
PT fracasse redondamente na sua administração, quando o bem público está em
jogo, quando se sabe que a excelência da democracia está exatamente nestas
alternativas que o povo escolhe quando é chamado às urnas ...
O Sr. Décio Schauren: Isso é da boca para fora.
(Aparte anti-regimental do Ver. Décio Schauren.)
O SR. DILAMAR MACHADO: Não é da boca para fora
Vereador, V. Exª está equivocado, eu sei que governar é difícil num País como
este. O Ver. Heriberto Back sabe das amarguras que passávamos no DEMHAB e no
trato com as vilas populares, com as associações, com seus líderes, pela falta
de recurso, pela falta de dinheiro, para fazer aquele mínimo que um
administrador gostaria de fazer. Acho que é hora da Casa, através de suas
Bancadas, ouvir com honestidade, com sinceridade, com abertura ampla, as razões
que a Administração do PT tem para firmar que está inviabilizado em função da
falta de recursos ou pelo menos do comprometimento integral da arrecadação com
a folha de pagamento. O Ver. Valdir Fraga, Presidente da Casa, numa reunião da
nossa Bancada propôs algo que acho que a Bancada do PDT tem que fazer por
decisão de Bancada: encaminhar a um organismo que não pertença à classe dos
municipários, que não esteja atrelado ao PT, que não esteja atrelado à
oposição, que não tenha um comprometimento direto através, a não ser a
fiscalização através das suas auditorias com as administrações do Estado do RGS
e suas Prefeituras: O Tribunal de Contas. O Tribunal de Contas do Estado está,
efetivamente, aparelhado para, através de uma auditoria especial, informar a
Casa e quem sabe até, porque não, informar a própria Administração do PT, que
por certo não é uma administração calejada no trato da coisa pública, porque o
PT além de ser um Partido novo, pela primeira vez nas eleições passadas assumiu
prefeituras da importância da de Porto Alegre, como São Paulo, Vitória e de
outras capitais deste País. Qual é exatamente a situação da Prefeitura de Porto
Alegre? Quanto essa Prefeitura arrecada? O que se deve considerar despesa de
pessoal? Que percentual é esse? Porque por mais que os companheiros do PT
venham à tribuna depois justificar, explicar, a mim pela experiência que tenho
no relacionamento entre as administrações e a população, através da imprensa, a
história de mandar um projeto fixando em 98% do gasto com pessoal, não passou
de uma inteligente jogada política da inteligência do PT. Por quê? Porque é
evidente, hoje se sabe através das campanhas sórdidas que se fazem neste País
contra funcionário público, contra político e contra partidos políticos, que a
comunidade como um todo, aquela que não está ligada à administração, aquela que
não é funcionária do Município, a comunidade encara funcionário público como
vagabundo, como relapso, como marajá, como fantasma, ou como o homem do cabide,
ou como aquele que só aparece no fim do mês para receber.
Então, é evidente que no momento em que a comunidade toma conhecimento
de que a pobre administração da Cidade tem 98% do que arrecada comprometido com
a folha de pagamento, fica penalizada. E talvez a pressão que nasce,
normalmente das lideranças mais fortes das vilas populares, dos bairros, das
entidades representativas das sociedades passe a ter outro tipo de
comportamento, não é Ver. José Valdir? Coitado do PT, está aí com 98%
comprometido com esse bando de funcionários, tem cinco mil a mais que não fazem
nada. Então, na realidade foi uma boa jogada política, eu reconheço, mas a
retirada do projeto inaugura um novo momento nesta Casa. Não há mais projeto.
De qualquer forma fica, Ver. Clóvis Brum, uma lição para todos nós das
oposições da Casa: vai ser difícil um novo episódio, nós fazermos uma
composição de cavalheiros. Porque tudo isso nasceu de um acordo feito entre as
Bancadas de Oposição, que são majoritárias da Casa, com a Bancada Governista, relativamente
aquele entendimento que tínhamos naquela ocasião, alguns meses atrás, e que,
efetivamente, a Prefeitura não tinha condições financeiras para pagar esse 25%,
quando o aumento real seria de 76%, houve um acordo, um entendimento da Casa de
que o Prefeito encaminharia em um determinado prazo de 60 dias um novo projeto
dizendo como e quando pagaria o resíduo de 25%. Mandou um projeto, um
verdadeiro desastre, uma obra prima de desacertos entre a Casa e o Executivo
que, felizmente, acabou sendo retirado. Depois mandou outro projeto que acaba
também sendo retirado, só que ao invés de fixar quando e onde pagar os 25%,
encaminhou mais uma série de alterações, algumas até boas, eu acho que a
mensalidade do aumento é muito boa e outras que não foram entendidas pela Casa
que mereceriam, talvez, emendas como o Ver. Brum já encaminhou. E quando nós
esperávamos, hoje, conversar sobre o assunto, a matéria morre pela retirada.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Dilamar Machado, chegado aqui o Projeto do
Executivo, a gente se deparou com algumas dificuldades entre o que os
trabalhadores buscam, as suas conquistas e o que o Executivo propunha na
matéria. Apresentamos uma Emenda supressiva e até despretensiosa, diga-se de
passagem, porque contemplava o art. 1º que era que o Prefeito objetivava na
nova redação, contemplava o art. 3º e mantinha os dois últimos artigos. Estes
ficaram conforme o Prefeito mandou. Para surpresa nossa o Prefeito retira o
projeto, agora, nesta hora em que se iniciavam os debates.
O SR. DILAMAR MACHADO: Exatamente, nobre Vereador.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite? (Assentimento do
orador.) Vereador, acho que a discussão não nasceu daí. O furo é mais embaixo.
Nasceu do reconhecimento da Prefeitura em relação aos 76%. Isso é anterior. É a
primeira coisa. O Prefeito Olívio Dutra está disposto a comprometer até 98% da
receita com o funcionalismo. Não entendo porque alguns Vereadores se preocupam
tanto. Ou será que querem comprometer 100, 110% ou até deixar em aberto? Ou
quem sabe continuarmos a pedir empréstimos junto ao sistema bancário para pagar
os funcionários, ou será que querem, simplesmente, continuar a vir todo o dia à
tribuna cobrando uma série de melhorias na periferia e, ao mesmo tempo, não
querem aprovar um projeto que estabelece que o endividamento com o
funcionalismo é de 98% da receita. Este Projeto revela exatamente a boa vontade
do Prefeito Olívio Dutra em dialogar e a preocupação com o funcionalismo porque
comprometer 98% da arrecadação, convenhamos, é uma atitude ousada por parte do
Prefeito.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu diria até quase
irresponsável. Agora V. Exª não tem razão em dizer que a Casa não quer aprovar
o Projeto. Simplesmente o Projeto não foi sequer discutido, foi retirado. O PT
e o Prefeito é que não querem definir a matéria. Não querem conversa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A Mesa se permite fazer uma
observação aos Srs. Vereadores. Os pedidos de apartes têm sido quase que
invariavelmente solicitados na hora de terminar o discurso do orador. A Mesa
pediria fraternal e encarecidamente aos Srs. Vereadores que, se quiserem
apartear, o façam antes de expirar o prazo do discurso.
Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
lastimavelmente venho de novo a esta tribuna para registrar o meu repúdio
veemente contra as posições assumidas na Constituinte Estadual que visam
deformar a estrutura organizacional da Polícia do Estado. Eu digo lastimável,
porque já está se tornando um pouco cansativa esta minha peroração. A cada dia
que passa, embora o número venha reduzindo daqueles contrários, daqueles que
querem retirar segmentos importantes da estrutura da Polícia, todavia, aqueles
que mantêm a sua posição radical, extremista, contra a polícia e os policiais,
estes cada vez mais se radicalizam e nós não podemos nos calar. Não podemos por
várias razões e eu sempre digo que, em primeiro lugar e sobretudo, a razão é de
ordem moral. Nós não podemos admitir que o Dep. José Fortunati trate, até de
certa maneira, de modo debochado a questão. Leviano ele já havia sido na sua
argumentação, e debochado na maneira com que se tem apresentado nos programas
de rádio e televisão. Esta é uma questão seríssima.
Por outro lado, nós não podemos admitir a posição sectária, facciosa,
tendenciosa do Dep. Joaquim Moncks, que sem alardear, deixando de lado a sua
posição de Oficial da Brigada Militar, evidentemente pleiteia, tranqüilamente,
com um tom ligeiramente irônico, que este segmento realmente deve passar para a
Brigada Militar. Quer dizer, uma série de motivos que nos deixam entristecidos
e indignados. Para eles, pouco importa que a colocação do Dep. Fortunati,
passando a atribuição, extinguindo o DETRAN e passando para a Brigada, seja
matéria inconstitucional, esteja com o vício da inconstitucionalidade. Isto
pouco importa. O problema é atingir a polícia e os policiais e isto,
infelizmente, eles têm conseguido. O Dep. Fortunati tem conseguido magoar os
policiais, e é isto que ele quer, ele quer ferir os policiais. Porque eu não
sei. Se dissesse que ele tivesse sofrido com o período de exceção, tivesse
padecido, eu até compreenderia. Mas, muito antes pelo contrário, os que
padeceram todos os rigores do período de exceção, são hoje os que mais defendem
a polícia, porque eles sabem que o processo de militarização é absolutamente
contrário ao processo de democratização. A militarização a partir de um membro
do PT me parece uma posição incoerente, incoerente em todos os sentidos, e não
posso admitir que ele preiteie essa militarização.
Mas não é uma questão somente, afinal de contas se a Polícia Civil
coloca no DETRAN 20% do seu quadro policial, e a gente é obrigado a dizer que
isso é uma inverdade, é um eufemismo, porque, na verdade, o que temos que dizer
é que isso é uma grossa mentira, sequer 5% trabalha no DETRAN, e ademais, nos
serviços burocráticos com um tom pejorativo, como é empregada a expressão, nem
5% chegam, porque a parcela maior do DETRAN está empenhada em atividades
destinadas à Polícia Judiciária, Delegacia de Delitos, Delegacia de Acidentes
de Trânsito, não é serviço burocrático do DETRAN. Esse é um dado também
importante, também significativo, sobre o qual temos que chamar a atenção. E
isso vai implicar em termos que reformular, fazer, compor uma estrutura de
prédios, de pessoal, mas isso pouco importa, cinco mil homens serão
necessários, cinco mil cargos, não importa; o importante para eles, para o Dep.
Joaquim Moncks, é abocanhar mais uma parte da Polícia Civil, e para o Dep.
Fortunati, em agredir a polícia, porque não sei, cinco mil homens é quase o
número total de policiais civis do Estado do Rio Grande do Sul, o total atual
de policiais é da ordem de cinco mil e seiscentos homens, dos quais 285 trabalham
no DETRAN, entre os quais a maior parte dedicada à atividade de Policia
Judiciária daquele Departamento.
O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Cyro Martini, V. Exª tem uma dúvida de como o
PT, através do Dep. Fortunati, pretendeu incluir esta separação na Polícia
Civil. Eu li, não sei onde e trago como subsídio ao trabalho de V. Exª, o
seguinte raciocínio: o interesse do PT é de desmobilizar e enfraquecer a
autoridade civil. Enfraquecendo a Polícia Civil, estará um campo aberto para as
suas atividades de enfraquecimento, de desmobilização da autoridade civil que
deu e tem dado respaldo para todo o sistema organizacional do País. E ao mesmo
tempo, na sua tentativa e na sua visão de desmilitarizar a Polícia Militar,
colocam segmento civil dentro da Polícia Militar. Então, dentro desta visão,
desta ótica, me parece até que taticamente atingiu os objetivos da Emenda do
Vereador do PT. Agora, o agasalhamento destas mesmas idéias pelo Deputado do
PMDB e que com ele quase toda a sua Bancada serviu como um objetivo meramente
corporativista, no qual o Dep. Monks participa e que se enquadra no raciocínio
que V. Exª está fazendo.
Então, em resumo, li, não sei onde e trago como subsídio, é uma
tentativa tática de enfraquecimento - através do PT - da organização policial
civil e ao mesmo tempo criar dentro da militarização que a Polícia Militar
possui, um segmento civil, e com ele todas aquelas coisas ruins que maculam o
ambiente militar que é a greve e que o elemento civil pode conduzir, que num
ambiente militar é absolutamente nefasto.
O SR. CYRO MARTINI: Eu agradeço a V. Exª pelo
aparte. Eu apenas não concordo que seja a posição do PT, nem tampouco do PMDB.
Eu entendo que se trata, antes de tudo, de uma posição isolada, de um lado o
Dep. Fortunati e de outro do Major Dep. Joaquim Moncks. Então são aspectos, Sr.
Presidente, sobre os quais eu repiso, porque eu não posso admitir que este
cidadão que em má hora o povo do Rio Grande do Sul escolheu como o Dep. José
Fortunati, tenha a petulância de chamar o passado e o presente do DETRAN
simplificando de uma “tropa de ladrão”. Por isso nós temos que seguir o que
hoje é feito dentro da organização policial: diga não à separação, à divisão da
Polícia Civil. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em
Comunicações, Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
antes de entrar no tema abordado pelo Ver. Dilamar Machado eu só gostaria de
dizer que apenas o acúmulo de atividades e de tarefas impediu-me de voltar e
acompanhar mais de perto o tema suscitado pela segunda vez pelo Ver. Cyro
Martini. E eu gostaria de estar mais informado disto. Mas eu tive uma primeira
informação, eu fui perguntar na sexta-feira ao Dep. Fortunati em que se
baseavam as denúncias que havia feito no jornal e que tinha tido a
interpretação do Ver. Cyro Martini de que era autopromoção, ou um mecanismo
qualquer desse tipo. Informação que eu tive, e que já está de posse das
autoridades competentes, na própria área policial, é que os pais de seu
assessor foram de alguma forma interpelados naquele Shopping Center, ali
na frente da Panambra, e ouviram de cinco homens que se continuasse havendo
esse tipo de manifestação seu filho ia ter problemas, e o filho do seu filho
também ia ter problemas, dois anos. O que o Dep. José Fortunati me disse é que
ele só passou a colocar isso nos jornais por este fato que lhe concernia,
inclusive, indiretamente, evidente era por ser do seu gabinete que essa pessoa
foi ameaçada, e porque esses homens pertencentes à própria polícia foram
identificados pela pessoa ameaçada. Eu não tenho os nomes, mas eu tenho a
informação de que esse procedimento foi já levado às próprias autoridades para
que façam o inquérito competente.
A segunda questão nesse terreno, que acho absolutamente legítimo e
respeitável, é que toda a linha de argumentação que qualquer membro da polícia
sustente aqui, onde ele defenda o entendimento que ele tem sobre a corporação e
sobre os fatos que na Constituinte Estadual, neste momento, mexem neste
terreno. O que eu gostaria de salientar é que provavelmente a interpretação do
Ver. Leão de Medeiros, que acho um pouco aquela dos velhos tempos,
enfraqueceram o poder civil. Acho que até no momento V. Exª ia aduzir, para
desenvolver as suas práticas e a sua grande civilidade e o respeito com que nos
tratamos, acho que ia dizer prática subversiva e acabou dizendo práticas não
sei bem o que. Acho que é extremamente fácil levantar esta suspeita que lhe
parece via espírito, porque a lógica – por isso que eu tenho uma certeza e me
faço responsável como membro do Partido dos Trabalhadores – não é uma posição
individual do Dep. José Fortunati; a única coisa que é de responsabilidade
estrita e pessoal dele é se ele tiver tido algum destempero verbal, ao qual não
sou obrigado a me associar. Mas a posição política do Partido dos Trabalhadores
é exatamente o contrário. Como nós temos uma visão – podemos até estar errados,
mas a lógica de fundo é outra – nós temos uma visão de que estamos em franco
processo de constituição das estruturas das instituições democráticas, ainda
extremamente frágeis, seja pelo recente período ditatorial, seja por outras
fragilidades políticas, inclusive dos próprios partidos, logo a nossa lógica e
a nossa manifestação muito homogênea numa série de terrenos é ao contrário. Há
um debate que nós fazemos permanentemente, é que por exemplo, a polícia
melhorará, enquanto instituição, se ela for criticada, e não se ela não for
criticada. (Aparte inaudível.) Não, estou colocando o outro tema, tema em que,
inclusive, já intervimos aqui. Como é que se constitui a própria evolução dos
conceitos de democracia, dos conceitos de utilização dos mecanismos de
segurança senão num debate amplo numa sociedade democrática? Este é o nosso
ponto de vista, ele é simples, ele é claro e eu acho até que ele é um
patrimônio muito mais amplo do que o PT em particular.
O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria que ficasse bem claro, Ver. Flávio Koutzii,
que o objetivo da minha intervenção é dentro da visão que o PT tem da Polícia
Civil, com o objetivo de enfraquecer a instituição que, na visão do PT, não
atende aos interesses do próprio PT como defensora dos trabalhadores. Haja
vista o primeiro documento que a Administração Popular fez criando a Comissão
de Direitos Humanos em Defesa do Cidadão, na qual ficou claro, e referi da
tribuna na oportunidade, que o PT tem como estigma de que a polícia serve
somente para bater em trabalhador. Então, se é essa visão que o PT tem, me dá
razão para raciocinar que através da Assembléia Constituinte devemos diminuir a
força dessa instituição que, na visão do PT, não atende aos interesses dos
trabalhadores. Acho que foi essa a intenção e não outra que ficou no
entendimento de Vossa Excelência. Muito obrigado.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Acho que voltaremos ainda a
discutir este tema.
O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, a partir da veracidade das afirmações do
Ver. Leão de Medeiros, então nós estaríamos tratando justamente da polícia
ostensiva, com muito mais razão então para nós garantirmos como civil aquela
entidade que sempre assim o foi, e não militarizá-la agora, o que engrossaria
ainda mais as tropas contrárias aos trabalhadores, segundo a visão exclusiva e
própria do PT. Muito obrigado.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Acho que há outros elementos a
agregar a essa discussão e eu me comprometo em fazê-lo no momento oportuno.
Uma outra questão relacionada com a retirada, por parte da Prefeitura,
dos dois projetos que vieram a esta Casa, eu acho que o Ver. Dilamar entendeu
bem e acho que fez uma intervenção que eu recolho nas suas intenções. Agora, o
que me cabe, inclusive, como um dos Vereadores presentes à reunião do Secretariado,
onde avaliávamos esta situação, é de que já tivemos duas etapas de discussão da
proposta da Prefeitura: a primeira, na própria assembléia dos funcionários; a
segunda, no dia de ontem, excetuando-se raras exceções, algumas poucas
sensibilidades individuais e assim mesmo pouco explícitas, nos percebemos que,
ao longo de quatro horas de debates, que não estávamos sendo levados a sério.
Parece que há uma confusão no sentido de que dentro da preocupação que
colocamos, agregando ainda elementos que não constavam na etapa inicial da
negociação uma questão central e fundamental para a Prefeitura, foi bastante
contestado pela maioria dos que se expressaram desta tribuna.
Nós queremos deixar bem claro: nós temos que discutir este assunto, mas
frente a uma emenda como a Emenda do Ver. Clóvis Brum ...
O SR. PRESIDENTE: Vereador, seu tempo está
esgotado, passa V. Exª a falar em Liderança, pelo espaço de cinco minutos.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Frente à Emenda, nossa
experiência já nos mostrou qual a tendência de atuar nesta Casa. Como os
projetos salariais vêm de dois em dois meses, agrega-se o que se quiser,
corta-se o que se quiser e não há nunca a constituição de um compromisso
solidário em nome da Cidade, não em nome do Prefeito Olívio Dutra ou do PT.
Então, antes que se processe uma situação por nós absolutamente inaceitável - e
isso eu quero insistir perante aos colegas Vereadores - dos 98% não é uma
jogada política. Tem efeito político? É claro que tem efeito político. Tem
efeito no debate para a cidade de Porto Alegre? Tem efeito. Mas é uma
referência fundamental para a Prefeitura, ela precisa de uma garantia, ela
precisa estabelecer um limite. Este é um dado que nós temos que nos debruçar
sobre ele, na medida em que ele foi profundamente relativizado ontem, e os
Vereadores que expressaram entendimento diferente, eu tenho esse registro. Nós
resolvemos, retirando os projetos, dramatizar a situação? Isso também é
político e isso também é necessário. E esse contexto pode chegar a impedir o
pagamento, pelo menos atrasá-lo, evidentemente. Temos tempo ainda, hoje é dia
22. A Prefeitura continua de acordo, essa é a sua proposta, 25% em agosto, mas
também não mudou os 98%. Nós esperamos, então, tanto a partir do pronunciamento
do Ver. Dilamar Machado, quanto com a insistência com que queremos frisar, o
que pensamos ser uma situação dramática a qual esta Casa terá um papel
importante na solução, apelar uma vez mais à consideração de todos, sobretudo,
pelo menos a partir de agora, e eu me refiro apenas a uma ou outra intervenção,
o caráter de seriedade que a circunstância exige. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa pedido de licença do
Ver. José Alvarenga para tratar de assuntos particulares, nos dias 22, 23, 24 e
25 do corrente.
Em votação. Os Vereadores que aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO.
Já está em Plenário, e comunico a posse, na vaga do Ver. Alvarenga, o
suplente Antonio Losada, que fará parte da CEDECON.
Sobre a mesa, um ofício do Sr. Prefeito Municipal, solicitando a
retirada do Projeto de Lei do Executivo nº 035/89, que dispõe sobre o
vencimento do funcionalismo. São dois os Projetos retirados.
A Mesa comunica que logo após a Sessão Ordinária realizará uma Sessão
Extraordinária para a Pauta do Proc. n° 2322/89 do Executivo, que autoriza a
abertura de crédito suplementar no valor de 28.165.590,00.
O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Só para deixar registrado que
ontem meu nome constava em Comunicações e no Grande Expediente, que na verdade
passamos um tempo razoavelmente longo sem termos este espaço e ontem, também
não se utilizou as Comunicações e a Explicação Pessoal. Hoje vemos que o nosso
nome não consta nas Comunicações. Entendemos que isto dificulta a nossa
atividade em Plenário.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica que vai dar a
resposta em tempo oportuno.
Com a palavra, o Ver. Décio Schauren que cede seu tempo ao ver. João
Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
dois fatos me levam, inicialmente, a falar sobre este tema: Regimento Interno e
Lei Orgânica Municipal.
Primeiro, que deve ser do conhecimento dos Srs. Vereadores, a crítica do
conjunto das entidades representativas da sociedade civil de São Paulo em
relação ao processo constituinte daquele Estado, cuja síntese está registrada
nos jornais daquele Estado no dia de ontem, e a síntese é que o processo
constituinte daquele Estado está informado por um perfil conservador.
Segundo fato: as preocupações e as dúvidas suscitadas na nossa última reunião em relação ao fato de nós democratizarmos ou levarmos o acesso do anteprojeto já apresentado pelo Ver. Isaac Ainhorn a algumas entidades da sociedade civil ou não, em razão desses dois fatos começo, hoje, esta discussão que, inclusive, está ocorrendo dentro do PT, que terá nos próximos dias 2 e 3 um encontro estadual que discutirá este tema Lei Orgânica e Regimento Interno. Pronuncio, hoje, algumas críticas, continuando com aquele conjunto de dúvidas já levantadas naquela primeira reunião, desta feita à luz de uma análise mais fundamentada e com um pouco mais de calma sobre o anteprojeto em discussão nesse momento. E a primeira impressão que me passa é de que, de fato, há um problema na raiz da visão deste anteprojeto em discussão, em primeiro lugar, em seu aspecto pouco democrático. Reafirmo, portanto, que um Regimento, à luz da experiência vivida pelo Processo Constituinte Nacional e os Estaduais atualmente, é tímido e que não se abre para a sociedade civil e para o conjunto dos movimentos sociais, viabilizando, portanto, a incidência destes através das audiências públicas, das tribunas populares e mais, através da idéia de um referendum do Projeto de Lei Orgânica ou a Lei Orgânica após aprovada, me parece que é retroceder no tempo e é retroceder, também, na prática política. Portanto, este perfil de trabalho parlamentar que se afasta das diversas inquietações da sociedade civil e dos movimentos sociais, ele é um perfil que tem um comprometimento na sua raiz, ou na sua base política, que é manter a chamada ordem das coisas no seu estado natural. Parece que isto é óbvio e, portanto, nós devemos romper com esta chamada ordem natural das coisas, conseqüentemente, me parece que há uma exigência, hoje, política de nós, no debate, rompermos com esta lógica de Regimento, informada, portanto, com esta visão.
O Segundo raciocínio que me parece que qualquer pessoa minimamente
entendida de técnica legislativa percebe, na proposta desse Regimento é o seu
aspecto truncado, portanto, nós temos que ter um Projeto de Regimento Interno
que tenha como premissa chave o fato dele ser um Regimento que viabilize e que
possibilite as discussões, as mais radicais possíveis, as mais amplas
possíveis. E o Processo Constituinte Estadual está provando isso, e quem diz
isso não sou eu, é o Dep. Nelson Jobim, que o Regimento pode, sim, incidir nos
rumos de um processo constituinte. Portanto, um Regimento que não é claro ou
que é truncado sob o ponto de vista de sua técnica, ele pode criar obstáculos
para o processo constituinte e ter como exigência posterior àquilo que ocorreu
na Constituinte Estadual, o fato de, constantemente, a Mesa Diretora e as
Comissões terem que se reunir para irem adequando o Regimento no processo.
Então, me perece que, inicialmente, estas primeiras observações é necessário
que se façam com um pouco mais de reflexão.
Segunda questão: parece-me que a sugestão encaminhada no art. 4º do
anteprojeto do Ver. Isaac Ainhorn, que rigorosamente obedece a esta lógica,
quando ela sugere e quando ele propõe que, uma vez instalada a Lei Orgânica
Municipal, automaticamente, neste momento, se aprova o Regimento, me parece que
isto também está equivocado. Nós devemos instalar a Lei Orgânica Municipal num
dia “x” e abrirmos um prazo, um processo para a discussão. Não aprová-lo
imediatamente após a instalação. Acho que deveria ser mais prudente este
artigo, mesmo até admitindo que até lá nós pudéssemos amadurecer a idéia de um
projeto de Regimento Interno consensual. Nós deveríamos ser mais prudentes, por
quê? Porque também não, após a instalação da Constituinte Municipal, nós não
abríssemos nestes primeiro momento um prazo para a manifestação das entidades?
Ou nós achamos que as entidades poderão ser descartadas deste primeiro processo
decisório que ocorrerá e que tem todas estas conseqüências que nós estamos
vendo, ou seja, a aprovação do Regimento?
Em terceiro lugar, para concluir, gostaria de colocar que discordo da
proposta de que a sistematização deve ser composta por 15 membros. Acho que é
um monstrengo jurídico e político que nós estamos criando. Acho que o critério
chave para a escolha da sistematização é a pluralidade, sim. Portanto, não
podemos excluir as minorias da Lei Orgânica Municipal. Entretanto, nós não
podemos criar uma Comissão de sistematização de 15, que terá como papel,
exatamente, a condução política do processo e acabar, com isto, inviabilizando
o próprio funcionamento da Comissão. Portanto, me parece que seria mais
prudente, à luz deste critério geral e genérico que é a pluralidade, nós
tentarmos trabalhar com a idéia de uma Comissão pelo menos mais reduzida do que
esta. Porque não pensar, então, numa Comissão de sistematização composta por 7
ou 8 Vereadores, que poderia ser composta, por exemplo - isto é apenas uma
sugestão - por um representante, por um membro de cada Comissão Temática, que
poderá ser em número de quatro, eu defendo a idéia de quatro Comissões
Temáticas, mais os membros da Mesa Diretora. Isto somado daria 7, ou 8
Vereadores no máximo. Então, parece-me que a condução política deste processo
deve ser feita por uma instância política que tenha agilidade nas suas decisões
e que tenha também a possibilidade de ter lucidez e qualidade de precisar quais
são os temas fundamentais que estão em jogo, ou em debate, naquele exato
momento. Uma comissão, portanto, de 15 pode gerar uma espécie de confusão
política no processo, o que acaba acarretando, além da demora, sob o ponto de
vista prático da condução do processo, uma despotencialização do próprio
debate. Com isto eu concluo a continuidade de algumas críticas que eu venho
manifestando em relação a este anteprojeto.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer, brevemente, que concordo com a sua
colocação e mais o seguinte: ao que parece, como consta atualmente neste
projeto de Regimento Interno, está sendo encaminhado para que estas mesmas 15
pessoas que trabalharam neste Regimento Interno fariam parte destas comissões,
com o que eu sou radial e prontamente contrário. Obrigado.
O SR. JOÃO MOTTA: Para concluir, eu gostaria de
lançar, publicamente, uma proposta que me parece adequada a este momento que
grande parte desta Cidade hoje vive em termos de esperanças e de expectativas
com relação ao plano semestral lançado pela Administração Popular. Uma das
propostas e uma das medidas do chamado plano semestral é o início imediato da
construção do chamado Parque da Zona Norte, pois estou lançando, e pretendo
levar esta sugestão, além dos Vereadores que têm incidência política na região
da Zona Norte, a todas as entidades e instituições daquela região, para garantirmos,
desde já, um espaço político para a construção, no Parque da Zona Norte, de um
memorial em nome ou em memória de Chico Mendes. Lanço, para reflexão dos
colegas Vereadores, a idéia da construção do Memorial Chico Mendes no Parque da
Zona Norte. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Edi Morelli, que cede seu
tempo ao Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
o Ver. Flávio Koutzii, ao analisar, da tribuna, a retirada do Projeto do
Prefeito Olívio Dutra, que tramitou até hoje, nesta Casa, e que visava garantir
aos funcionários da Prefeitura os 25% de resíduo salarial, bem como criar
mecanismos, dentre eles, basicamente, a fixação de um máximo de 98% da
arrecadação com a despesa de pessoal, e não alterar a lei da bimestralidade,
mas melhorar o setor no sistema da mensalidade, ou seja, reajuste a cada mês, o
que nos parece lógico e óbvio diante da avassaladora inflação reinante em nosso
País.
O que volto a dizer, Ver. Koutzii, a V. Exª, à Bancada do seu partido, e
à própria Administração, que me pareceria, nesta hora em que V. Exª fala que o
assunto ficou dramatizado e, efetivamente, cria um processo de angústia na
classe funcional, porque não sei que tipo de mecanismo a Prefeitura utiliza neste
momento, se através de uma Emenda aprovada, vetada, e por veto rejeitado, o
Prefeito simplesmente obedeceria ao momento político da Câmara Municipal, que é
favorável, pela manifestação de sua maioria, a que no mês de agosto, de acordo
com a lei aprovada, vetada, e veto derrubado, que os funcionários recebessem os
25%. Mas basta o discurso de V. Exª dando ciência de uma participação de
Vereadores do PT com o Secretariado Municipal, para se concluir, sem qualquer
sombra de dúvida, que o Prefeito não vai pagar os 25%, conforme determina lei
aprovada na Casa, sem passar antes por uma outra negociação. E eu não estou
aqui, evidentemente, para receituário e nem para apontar caminhos para os
experientes companheiros do PT. Agora me parece que o mais lógico seria nas
próximas horas, ou amanhã, ou depois, não sei quando, quando houver a
possibilidade de a Administração reencaminhar o Projeto e me parece o mesmo
comprometido pela acuidade de V. Exª ao acompanhar os pronunciamentos da tarde
passada, mas talvez um novo Projeto com algumas alterações possíveis e
passíveis, de acordo também com os resultados da assembléia da categoria dos
municipários, com a manifestação das Lideranças da Casa e antes que o Projeto
dê entrada no protocolo da Casa, me parece que este é o caminho mais lógico no
momento. Uma mera consulta às Lideranças das Bancadas para uma discussão prévia
e quem sabe possamos encontrar, em curto prazo, um caminho que pacifique o
setor, porque embora o Ver. Décio Schauren não vá acreditar, não há interesse nenhum,
da minha parte e acredito que de nenhum Vereador desta Casa, de criar a
confusão, o desânimo na Administração do Município.
Nós queremos Porto Alegre bem administrada. Queremos Porto Alegre
vivendo bem. E queremos, também, que os companheiros do PT passem pela
magnífica experiência de ter recursos para, efetivamente, começar a fazer
obras, a que acaba de sugerir o Ver. João Motta, Parque da Zona Norte, para que
possamos ver aquilo que saiu no jornal, hoje, transformado em realidade.
Quilômetros de esgotos colocados nas vilas populares de Porto Alegre, que
acabem os alagamentos na Cidade, que o Prefeito possa ter recursos para acabar
com os pontos crônicos de alagamento em Porto Alegre. E a Padre Cacique é um
ponto crônico, todo mundo sabe.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O nobre Vereador falou em alagamentos, eu quero
parabenizar a Prefeitura, através da SMT, que solucionou o problema dos
alagamentos em Porto Alegre na rua Ângelo Crivelaro e na Assis Brasil. Na Baltazar
de Oliveira Garcia colocaram umas enormes placas amarelas com tinta preta: em
caso de alagamento use outra via. Não deixa de ser uma saída. Está solucionado
o problema dos alagamentos.
O SR. DILAMAR MACHADO: A ironia fina do Ver. Edi Morelli
até cabe nesta tarde de terça-feira meio chuvosa e sem graça. Mas de qualquer
forma vejam a situação em que se encontra o Município. Não tem como solucionar
os problemas de alagamentos e colocam uma placa: vá pela outra rua. É uma
saída, também.
Mas o que nós queremos é que o DEP e o DMAE tenham recursos para fazer
este tipo de obra. Mas eu volto agora à colocação feita pelo Ver. João Motta. O
Ver. João Dib eu tenho citado aqui. Eu vou corrigir o Ver. Dib, que a frase não
é a do Martin Fierro “mais por velho do que por diabo”, é do poema Martin
Fierro. Bom, o Ver. João Motta, que não é diabo nem velho, está se afobando, o
Ver. João Motta é aquele calor da juventude, que eu acho que é bonito, é
saudável. Mas nós temos aqui a experiência do Ver. Flávio Koutzii e de outros
companheiros, indiscutivelmente, o Ver. João Motta está saltando na frente de
um processo, e olha, vejam bem, do qual ele participou. O Ver. João Motta é um
dos poucos Vereadores da Casa que poderia vir para essa tribuna tecer críticas
antecipadas, públicas e candentes a um Processo de Regimento Interno do qual
ele participou como membro de uma Comissão pequena de cinco Vereadores,
composta por ele, Ver. Isaac, Ver. Clóvis Brum, Ver. Leão de Medeiros e o Ver.
Luiz Braz. Agora, o que é aquilo? Ver. João Motta, um mero anteprojeto, V. Exª
sabe disso, eu tenho a certeza que com uma série de defeitos, de problemas,
tanto que na nossa Comissão ampla especial, que funciona na Casa e vem muito
bem funcionando, na semana passada foi decidido que durante essa semana as
Bancadas se reuniriam e discutiriam entre os Vereadores de cada Bancada os
temas propostos pelo anteprojeto do Regimento e encaminhariam as alterações
necessárias. Eu até admito que a Bancada do Partido dos Trabalhadores possa nos
apresentar um projeto inteiro de Regimento Interno, como a Bancada do PDS pode
fazê-lo, a Bancada do PDT está convocada pelo Líder Vieira da Cunha para fazer
essa análise e aí sim, a partir de quinta-feira próxima, nós vamos começar a
escoimar os defeitos, os equívocos, os erros. Agora, eu por exemplo não aceito,
não é injustiça de sua parte criticar, por exemplo, o art. 4º. O que o Ver.
Isaac Ainhorn quis dizer com aquele art. 4º naquele anteprojeto é que nós temos
um mês pela frente, somos seres inteligentes, politizados para discutir os
detalhes maiores, mais importantes desse Regimento e termos a competência e a
capacidade de chegarmos no dia 21/09, se for o caso, ou no dia 06/10, se for a
segunda hipótese, já com o consenso da Casa em torno do Regimento Interno. Para
no primeiro dia instalarmos as Comissões Temáticas, aprovarmos o Regimento e
começar a trabalhar. Veja V. Exª, Ver. João Motta, que o Presidente do
Congresso já está admitindo publicamente um recesso branco, do Congresso, de
trinta dias antes das eleições. Trinta dias os Deputados e Senadores, que são
apenas quinhentos e poucos, seiscentos – sei lá, estarão liberados para sair
por aí fazer campanha para o Collor, Brizola, Lula, Freire, seja quem for.
Agora, não sei quantos mil Vereadores existem neste País, mas não pode ser
menos do que 20 ou 30 mil Vereadores. Esses ficarão presos, Ver. João Motta, a
uma camisa-de-força de seis meses para elaborar toda uma Carta Orgânica e V.
Exª ainda quer que nós, dentro deste prazo, ainda vamos ficar discutindo não sei
quantos dias o Regimento Interno? O que nós pretendemos, Vereador, não só o
Ver. Isaac, nós todos, V. Exª também, é anteciparmos o debate. V. Exª vir à
tribuna e levantar o assunto é bom, agora, criticar o que fez não me parece
muito bom.
O Sr. João Motta: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar eu gostaria de, não obstante V. Exª
reproduzir o seu preconceito, que não é de hoje, contra a juventude, gostaria
de dizer que talvez V. Exª não tenha percebido o que eu tentei levantar. Vamos
por partes. Esta última questão, a preocupação que eu levantei é que nesse
artigo, para ficar visível, explícito isso, de que ele é uma sugestão de
condução do processo de discussão de Regimento fechado aqui na Câmara. Foi essa
a crítica que levantei. Portanto, quando diz no art. 4º que, instalada a Lei
Orgânica, se aprova imediatamente o Regimento, parte dessa premissa que V. Exª
acabou de colocar, que o Regimento pressupõe-se aprovado. Eu discordo dessa
hipótese. Mesmo admitindo que até lá se tenha o Regimento aprovado, mas nós
devemos – a questão que eu coloco é essa – estar abertos ou não para que esse
processo se desenvolva com a incidência das entidades e da sociedade civil.
Essa é a questão. Parece-me que quando fica um artigo fechado, como é o art.
4º, ele exclui essa possibilidade. Parece-me que sob esse ponto de vista até
mesmo da lógica jurídica ou da técnica legislativa ele é um artigo que tem esse
problema mesmo na sua raiz.
Para concluir, gostaria de dizer que eu não vejo nenhum mal em ter
participado da Comissão, inclusive isso ficou formalizado no âmbito da
Comissão, fiz isso, que todas as críticas que por ventura, não só eu, mas o meu
Partido teria com relação àquele anteprojeto, seriam colocados no Plenário, no
processo. Portanto, nada mais estou fazendo do que cumprindo com esse
compromisso político que nós assumimos não só perante a Comissão, como perante
todos os 33 Vereadores, como também perante todo o conjunto das entidades que
também têm uma expectativa com relação a este processo.
O SR. DILAMAR MACHADO: Quero dizer a V. Exª, meu jovem
Vereador, só para concluir, Sr. Presidente, que eu não tenho nenhum preconceito
com a juventude. Eu tenho um filho de 29 anos, um filho de 28 anos, um filho de
12 anos e um filho de 22 anos. O problema que me leva, às vezes, a puxar a
orelha da juventude é o seguinte, Vereador: V. Exª fala em uma Comissão de
sistematização ampla, que contemple a Casa, inclusive as minorias, e propõe
sete Vereadores na Comissão. A Casa tem 9. É impossível fazer! Veja V. Exª que
é isso que eu falo. Eu não tenho preconceito, apenas chamo a atenção da
juventude, porque é sabido e eu repito mais um ditado do Negrão Mistério, lá de
São Gabriel: “O apressado sempre come cru”. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h20min.)
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